‘Salvadores voadores’: estudo inovador coloca drones a poder responder a paragens cardíacas num futuro próximo

Investigadores da Universidade de Warwick juntaram-se ao Welsh Ambulance Services University NHS Trust e aos especialistas em drones autónomos SkyBound para para testar a viabilidade dos DAE entregues por drones

Francisco Laranjeira
Setembro 13, 2025
11:30

No Reino Unido, ocorrem anualmente mais de 40 mil paragens cardíacas extra-hospitalares (PCEH), em que menos de 10% das pessoas sobrevivem. A RCP (ressuscitação cardiopulmonar) precoce e a utilização de um desfibrilhador automático externo (DAE) para reanimar o coração podem, pelo menos, duplicar a hipótese de sobrevivência.

Os DAE são seguros para uso público, mesmo sem formação, mas pode ser difícil para as pessoas próximas localizá-los e recuperá-los rapidamente durante uma emergência. Para encontrar uma solução, os investigadores da Universidade de Warwick juntaram-se ao Welsh Ambulance Services University NHS Trust e aos especialistas em drones autónomos SkyBound para para testar a viabilidade dos DAE entregues por drones.

Assim, foram realizados testes de drones com desfibrilhadores em resposta a chamadas de emergência, como parte de simulações em locais remotos no interior do Reino Unido, onde as equipas de ambulância geralmente demoram a chegar por estrada – o estudo foi publicado na revista médica internacional revista médica internacional ‘Resuscitation Plus’.

“Os serviços de ambulância trabalham o mais rapidamente possível para assistir os doentes que sofreram paragens cardíacas. No entanto, por vezes pode ser difícil chegar lá rapidamente”, referiu Christopher Smith, da Universidade de Warwick. “Os DAE podem ser utilizados pelo público antes da chegada da ambulância, mas isso raramente acontece. Construímos um sistema de drones para entregar desfibrilhadores a pessoas em paragem cardíaca, o que pode ajudar a salvar vidas.”

“Demonstrámos com sucesso que os drones podem voar longas distâncias em segurança com um desfibrilhador acoplado e manter a comunicação em tempo real com os serviços de emergência durante a chamada para o 999 [o equivalente ao 112 em Portugal]. Estamos em condições de operacionalizar este sistema e utilizá-lo em emergências reais em todo o Reino Unido em breve”, referiu o investigador.

Para o estudo, os investigadores conceberam um sistema para entregar um DAE acoplado a um drone DJI M300 através de um guincho após uma chamada para o 999. O software automatizado do drone da Skybound ativou e controlou o voo do drone. O DAE foi entregue até um membro da população para o ajudar a realizar a reanimação num manequim, enquanto recebia instruções dos agentes da ambulância.

O estudo, que recrutou 11 participantes, envolveu a avaliação da comunicação em tempo real entre o piloto do drone, o atendedor da chamada e o público presente. Os especialistas observaram como os participantes se comportavam e interagiam entre si. Também cronometraram a rapidez com que o paciente com paragem cardíaca simulada seria contactado.

Os resultados do estudo mostraram que a tecnologia é muito promissora. Os procedimentos de arranque do drone foram rápidos. Demorou 2,18 minutos desde a chamada de emergência até à descolagem. O drone voou de forma autónoma e segura, com boas ligações ao serviço de ambulância e comunicação eficaz em tempo real. Os participantes reagiram positivamente à entrega do DAE pelo drone.

No entanto, houve atrasos após a chegada do drone ao local. Foram necessários mais 4,35 minutos após a chegada do drone para que fosse aplicado um choque no paciente simulado através do DAE. O tempo de RCP [reanimação cardiopulmonar] sem intervenção foi de 2,32 minutos, mas apenas 0,16 minutos desse tempo foi gasto a recuperar o DAE.

Os investigadores concluíram que os espectadores interagiram bem com o drone, mas tiveram dificuldades em utilizar o DAE, demonstrando que é necessário mais apoio para utilizar os DAE entregues por drones para que este seja eficaz.

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